20 novembro 2006

III Sonho

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[…] Está a começar o terror. Agora, pega no giz e começa a desenhar números, seis, sete, oito, e depois uma cruz e só então uma linha […] Apenas vejo números … não tenho respostas. Deixaram-me sozinha para que encontrasse resposta. Os números não têm qualquer sentido. O sentido desapareceu. O relógio … Os dois ponteiros são como caravanas a atravessar o deserto […] A porta da cozinha bate. Os cães vadios ladram lá longe […] A forma redonda do número começa a encher-se com o tempo; o mundo está todo lá contido. Comecei a traçar um número, o mundo está lá dentro e eu fora do laço. Acabo por o fechar – assim – selando-o, tornando-o inteiro. O mundo está completo e eu estou de fora, a gritar […]
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Virginia Woolf
As Ondas
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