11 março 2007

XVI Memória

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[...]
o teu corpo no arco
do amor, na água abraçada do amor.

[...]
É preciso de vez em quando insistir em que alguém está aqui
a falar

[...]
E tu respondes: é como se visses pela boca, pelas mãos,
mas o ar não respondesse ao que te escuto, ou eu morresse.
Ou então não estavas já ali, descias no elevador ao encontro
do meu esquecimento.

[...]
- Sim. Ninguém fala separadamente. Andam há séculos
a tentar convencer-nos do contrário.

[...]
Não consegues já ouvir as marcas da voz que dizia "deixa-te disso"

[...]
A voz, sabes, desliza de uma para a outra boca, vês?
Talvez possas ouvir-me o que me dizes dizer-te:
................................................... - cerca-me com o teu labirinto, tu

- põe à minha volta, a toda a volta, o teu labirinto
- tu, cerca-me com o teu labirinto, eu
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Manuel Gusmão
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1 comentário:

un dress disse...

cerca-me com o teu labirinto

de rosas

desliza-me por dentro

imperturbável.

fecha as saídas.

to-das.


bon soir!