16 outubro 2007

XXVII Memória

.
Por um rosto chego ao teu rosto,
noutro corpo sei o teu corpo.
Num autocarro, num café me pergunto
porque não falam o que vai
no seu silêncio aqueles cujo olhar
me fala da solidão.
Esqueço-me de mim. Tão quieto
pensando na sua pouca coragem, a minha
sempre adiada. Por um rosto
chegaria o teu rosto, mesmo de um convite
e desenha no ar o hábito
por que andou antes de saíres
do espaço à sua volta. Estás longe,
só assim podes pedir algumas horas
aos meus dias. Sem fixar a voz a tua voz
é uma corda, a minha
um fio a partir-se.
.
Helder Moura Pereira
.
.

1 comentário:

bruno disse...

parabéns. é raro ver-se o helder a ser citado. e não devia ser. abraço a ambos.