16 novembro 2007

Ano I

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para ti, um ano
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Inspiro-me na minha alegria, na morte guardada. Vivo sobre uma dolorosa parcimónia, às vezes uma dissipação da masculinidade, como se tudo fosse uma doença contraditória. Inspiro-me no que é uma força e também uma vulnerabilidade, diante da lembrança e do esquecimento. Porque a memória tem a sua parte de esquecimento. Depois é um ritmo, uma libertação. Encho folhas de papel com essa trama subtil e exasperada feita de memória, a atentas expensas de esquecimento. É o relatório do medo lido ao inverso.
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(os cadernos imaginários)
Herberto Helder
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3 comentários:

marta (doavesso) disse...

eu lembrei-me, juro-te. um dia depois lembrei-me...estive para dizer-te. não disse. mas lembrei-me.
fiquei contente. não te disse. gosto muito muito de ti. da tua permanência. há 1 ano estivemos aqui.

A. disse...

Herberto Helder é uma referência, dono de uma escrita desigual por tão especial q é. Obrigada.

Anónimo disse...

"Inspiro-me na minha alegria, na morte guardada."

grande, grande herberto helder