14 novembro 2006

I Memória

Hoje a obsessão foi mais forte. Escrever-te. A nossa história que contei parecia-me intocável. Princípio e fim de nós nela, a tua morte selara-a para sempre. E todavia é nessa eternidade que a tua memória me perturba e a imagem terna do teu encantamento.
[...]
Na realidade nunca te esqueço no dia a dia que te esquece. Mas ficas um pouco ao lado, à espera de que eu volte de novo a olhar-te.
[...]
Às vezes eu pensava que tu não fazias ideia do incrível e maravilhoso de ti. Estavas dentro e o teu esplendor estava fora. Nesta casa deserta, como é bom estares aqui comigo.


Vergílio Ferreira
Cartas a Sandra
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3 comentários:

Margarida disse...

Herberto Helder, Vergílio Ferreira, Ingmar Bergman... É muito interessante descobrir os sonhos,as memórias e as visões que vos/nos habitam.

Gosto muito do conceito e da concepção destes Cadernos Imaginários.

Anónimo disse...

é o que há de íntimo na cumplicidade, Margarida, os sonhos, as visões e as memórias do que nos descobre e habita e que cria caminhos para que outros, assim, também aqui cheguem...

Claudia disse...

Simplesmente bonito...Mais bonito, só mesmo o Para Sempre...

Beijo